terça-feira, 15 de novembro de 2011

Restam as noites e os ventos, e as coisas como são ♪♫


Era madrugada, a saudade apertou, foi ela quem assinou fim dessa história, mas era mais forte do que ela, o pensamento constante nele. O único pensamento, a única coisa que ela sentia falta era dele.
Mandou algumas mensagens com textos de Caio F. de Abreu, seu autor favorito. "Sinto impulsos covardes, assustadiços e escapistas de voltar. Também porque sinto saudade, muita, de tudo. Mas sei que não devo."
Não obteve resposta alguma.
Estava chovendo saiu de casa apressada. Saiu rumo casa do amor da sua vida, que tão distante ficava. Não se importou com a hora, com o perigo que corria, ela tinha que falar com ele, e não poderia ser mais tarde, tinha que ser ali, naquele momento, onde os sentimentos não estavam mais falando alto, mas sim gritavam pra sair de dentro do seu peito.
Chegou era visível que estava atordoada. Chegou ao seu apartamento, subiu rapidamente as escadas, caiu algumas vezes, mas teve como sempre, força pra levantar. Aquela moça subia as escadas, superava as barreiras com força, mas ao chegar a porta, faltou-lhe coragem para bater a porta. Ainda molhada, encostou-se na porta e ali sentou. Ficou um bom tempo pensando se realmente deveria fazer aquilo.
Bateu a porta.
E lá surge ele. Não foi nada gentil, não a convidou para entrar, olhou e a disse:
-Ah, é você! Obrigada por ter me acordado!
-Desculpe... é, é que eu, eu precisava falar muito com você. Eu nem sei o que eu quero dizer, mas eu precisava falar com você.
-Tem certeza que você não está no lugar errado?
-Por incrível que pareça, estou no lugar certo.
-Ah legal, então o que você quer, além de acabar com a minha noite de sono.
-Eu não entendo, quero me afastar de ti, mas parece tão difícil. Eu queria tanto poder te merecer. Mas não mereço. E  um dia eu vou entender isso. Tinha prometido que te deixaria em paz, e peço desculpas por não ter comprido. Mas acho que essa podia ser a minha última chance de dizer, talvez em vão, que você nunca foi um brinquedo, um simples luxo pra mim. Foi um homem que muito respeitei.
-É fácil entender o porquê, fui sim um brinquedo em suas mãos.
Sentiu-se arrasada com aquele desprezo, mas ainda tinha algumas palavras, tentando não chorar, olhou em seus olhos e disse:
Quem sabe um dia eu entenda. Quem sabe um dia você muda a sua visão. Evolução é isso, não? Você nunca foi um brinquedo. Talvez você (de certa forma) foi alguém que estancou meu coração por algum tempo. E quem nunca serviu para curar as feridas de alguém? Quem nunca sofreu por amor? Afinal, amar também é sofrer.  Cresci muito com você, e creio que de uma forma ou de outra, você também tenha crescido comigo. Não me veja como uma pessoa ‘cruel que te fez sofrer’ , não sou nada disso.  Sou um ser humano qualquer, que simplesmente passou pela sua vida. O dia que você encarar as coisas assim, não com frieza e racionalidade, mas sim com maturidade, irá entender tudo isso.  Não parti por maldade, mas para o seu bem, pra você encontrar alguém que te mereça, não eu. Jamais te esquecerei, e vou reaprendendo a lidar com a saudade a falta que você me faz, vou filtrando as emoções, e te deixando na biblioteca da memória. Vou me acostumar, com a falta daquilo que eu nem lembrava que existia. E vai dar tudo certo.
Ele parou, não sabia o que dizer.  Ficou muito confuso. Lembrou de tudo que os levará até ali. Um dia ela simplesmente quis acabar com tudo. Alegou não ter certeza de nada o que sentia, para ele o mundo acabou naquele momento. Não entendia como alguém que ele tanto amou podia simplesmente, ‘não ter certeza do que sentia’ . Aliás, nem ela entendia. Mas estavam ali, ambos angustiados com aquela situação.  Ela ainda sim o amava, mas tinha medo do amor. E ela não conseguia entender isso.
Não havia nada mais para ser dito. Todas as palavras ficaram mudas. Então, ela disse seu ultimo adeus, e desceu as escadas, descia lentamente, talvez com a esperança que ele fosse atrás dela. Mas não, ele a deixou partir. Ele voltou para o seu apartamento e se jogou no sofá, estava pensando em toda aquela loucura. E entendeu que não podia deixar o amor da sua vida partir, assim.
Correu com avidez. Ela já estava entrando no carro, e ele gritou seu nome, ela rapidamente olhou para trás, então ele foi até ela, e ainda tentava retomar o fôlego, a olhou. Não sabia o que dizer. Mas falou o que lhe veio a cabeça:
-Sabe, talvez não seja justo comigo, talvez você volte a me machucar, talvez você volte a errar. Você é totalmente instável, insegura e teme tanto amor. Mas sabe, eu te amo mesmo assim, com todos os seus erros, com seus defeitos. É você que eu amo.  E os últimos dias pra mim tem sido os mais difíceis da minha vida, assim sem você. Eu quero arriscar, ninguém pode te substituir. Eu amo você. Amo mais que tudo. Você é a minha vida. Eu me faço de frio e calculista, durão e todos os defeitos que você sabe de cor, mas eu sinto sim a sua falta, e queria saber se você me aceitaria mesmo assim.
Ela não falou nada, simplesmente o beijou.   

Como se fosse fácil, te deixar de lado e esquecer tudo o que passou, e nessa melodia vou lembrar em que você no meu mundo entrou♪♫ 
L.