quinta-feira, 29 de setembro de 2011



Ela caminhava com dificuldade pela noite fria, mas nada que comprometa aquele ar de inatingível que ela carrega, até porque dentro dela não há nada mais para ser atingido. O vento estava gelado e chegava a comprimir seus pulmões, congelava todo o seu corpo, mas não há nada mais frio do que a solidão que habita seu coração. Ela olhava para um horizonte que ninguém mais é capaz de ver. Durante o caminho diário, ela diminui os passos ao ver aquele que ela tanto amou aquele que a fez sentir muito mais do que borboletas no estômago.  É tão óbvio que o melhor para ela é tentar escrever uma nova história, em que não exista esse vilão que mais parece ser um príncipe, esse que faz tão mal a ela de um modo tão imperceptível, de um modo que talvez nem ele perceba. Ela tinha um desejo reprimido de gritar seu nome, para que ele pudesse olhar para trás, mas não lhe restava forças.
Ele não a viu, e continuou a caminhar. Ele sabia onde estava indo, mas seus olhos diziam que ele estava sem rumo, sentindo que se continuasse naquele caminho, que não era feito de ruas comuns, mas sim de decisões, poderia ficar sem saída; Sentindo que poderia estar indo em direção ao nada. Ele também não se sentia bem, junto aos tantos pensamentos que rodeavam a sua cabeça, também existia uma dor no peito.  Uma dor de não ser digno de amor.
Ele já estava distante, enquanto dava largos passos em meio à multidão, ela o observa enquanto o persegue com seu olhar contornado pelas antigas olheiras, mas já não sente mais nada, no fundo ela sempre soube que esse conto de fadas, não teria um final feliz. E que para o seu próprio bem, era melhor deixar tudo isso morrer e virar adubo, pra que seu coração cada vez mais se fortaleça afogar qualquer vestígio de sentimento que pudesse existir com um balde de água fria. E já mais forte por ter entendido isso, na sua cabeça só se passava uma coisa “Não vou seguir em frente, nem parar no tempo, mas vou esperar pra tudo isso passar.”

"Faz frio em Porto Alegre toda noite e de longe eu não posso te ver, então me perco em pensamentos de um passado que há muito tempo eu quero esquecer, eu só quero falar que ao teu ao lado eu tava errado eu nunca consegui viver [...]" Porto Alegre- Fresno

L.

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