segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Ar.

           
     Estava deitada na cama dormindo, e acordo assustada, viro-me para o lado e lembro-me do sonho, que tive essa noite. Sonhei que estava só, numa sala escura e vazia, e que aos poucos ia desfalecendo, e que estava totalmente desesperada, porém extremamente paralisada, sem ação ou reação, com medo, muito medo, mas simplesmente impotente diante daquela situação. Viro-me novamente e ouço trovões, vejo raios que transpassam a grande janela e ilumina todo quarto. Lá fora está chovendo, e parece que a chuva veio pra lavar minha alma. O frio está intenso, mas sinto que meu coração já congelou muito antes. Paro e fico em silêncio, pensando naquele sonho, se ele tem algum sentido, ou se era mais um sonho, ou quem sabe mais um pesadelo. O sono não vem, já não consigo mais dormir.  Meu corpo está se esfriando aos poucos, e já não sinto mais meus pés. Então levanto e ando lentamente até a cozinha, em passos largos e silenciosos. Chegando à cozinha, ligo a luz e vejo ainda sobre a pia, a louça do jantar. Pego uma caneca, coloco um pouco de café amargo e tomo-o lentamente. Parece que a cada gole que tomo, engulo junto um pouco de medo, de angústia. Volto para o quarto, olho me no espelho, mas ainda assim não me enxergo. Deito-me novamente, e começo a refletir sobre a vida. Principalmente sobre a minha vida.
                 Comecei a revirar a biblioteca da memória, algumas histórias das quais eu já havia esquecido, outras simplesmente censuradas, por mim mesma. Revi e revivi velhas lembranças, ora boas, ora ruins, dor e alegria, tristeza e felicidade. Vi muitas cicatrizes, algumas histórias encharcadas de lagrimas. Velhos amores, pessoas que me amaram, mas não amei pessoas que amei, mas que não me amaram,  pessoas que fizeram e fazem toda a diferença, pessoas que já nem me lembro mais.
Diante da imensidão de todas as lembranças, de mentiras e verdades, me senti perdida tudo que um dia vivi já passou, sobrevivo das vagas lembranças de um passado que parece não ter fim. Talvez seja simplesmente nostalgia, algo interessante a se observar sobre a nostalgia é a forma de como o passado que antigamente era péssimo, hoje passa a ser a fase mais bela, é o que talvez justifique a frase: “só se sabe o que é bom quando conhece o ruim.” Percebi que simplesmente já não vivo mais, que não amo mais. Simplesmente respiro.
                Respiro esse ar que tem nome e sobrenome, nome que fez parte de todo meu passado, mas só faz parte do presente para mim. Ar que quando percorre meu corpo chega a doer, ar no que me sufoca e não me deixa dormir. Você é o meu ar, e sinto como se ñ pudesse viver sem você, mas sei que um dia isso vai mudar, e que vou poder respirar sem sentir, sem pensar em você. 



Ahh, se você pudesse sentir como não é conseguir dormir, sem ouvir a sua voz cansada...♪♫
O Ar. Fresno
                L.


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